terça-feira, 14 de julho de 2009

Início do mês de ócio.

Tanto na cabeça. Tão pouco no papel.
Não sei se começo do começo ou se deixo o passado para o passado, me apegando, assim, ao agora.
Estava ausente das linhas. Por quê? Sei lá, talvez porque meus melhores pensamentos (lê-se pensamentos profundos) ocorram quando eu estou deitada, no escuro, esperando o sono. E algo em mim acha que se a luz for acesa, ele fugirão, como os morcegos.
Engraçado isto, não? Sempre relaciona-se grandes idéias, descobertas à luz. As minhas ligam-se ao escuro. Talvez não sejam grandes idéias, nem sequer descobertas. Mas e daí? Também escrevo de dia!
Férias. Motivo para alegria? Não para mim. Não quero falar disso.
Na verdade, nem sei sobre o quê quero falar. O que quero é me distrair, poderia ficar escrevendo um monte de coisas, mas seriam carregadas de raiva e Cia, estragaria meu texto.
Então, faremos o seguinte: eu não escreverei mais, mas pensarei. E, bem, a luz está acesa, a caneta está ao alcance da mão...

“Não chores, meu amor, tudo vai melhorar.” (Natiruts)

Sâmia Maia.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Indulgência

O poder da Igreja na Idade Média era algo inquestionável. E quando tratava-se de pecado, essa autoridade multiplicava-se.
Uma mulher que traía o marido já poderia se considerar com cadeira marcada no inferno. É de um caso próximo a esse que venho falar.
A distinta mulher entra correndo na igreja, direto para o confessionário:
-Reverendíssimo, eu pequei... - a senhora inica uma crise de choro.
-Calma, senhora, diga-me seu pecado, talvez possamos contorná-lo...
-E traí meu marido, senhor Padre.
-Oh! Isto é horrível, minha filha. Mas todo ser humano tem o direito de errar uma vez, Deus entenderá.
-Foi mais de uma vez, Padre...
-Assim você se complica perante o julgamento sagrado, minha senhora, mas conte-me exatamente o que a levou a traí-lo tantas vezes, tem que haver uma explicação.
-Bom, senhor Padre, meu marido viaja muito, vende espadas e armaduras pelos vilarejos vizinhos. Sempre que parte, deixa um parente em casa para que eu não fique só. Assim, aproximei-me do irmão dele, ótimo rapaz, e dormi com ele. Uma outra vez, ele deixou um tio, homem experiente, também cedi aos desejos da carne. Mais recentemente, ele chamou 3 primos, isso tudo porque dessa vez demoraria a voltar e, bom, o senhor já sabe o que aconteceu.
-Pelo amor de Deeeus, minha filha, foram muitos! Irmão, tio, primos, você merece é fogueira por tanto sacrilégio! Sua traidora, imunda, você só pode mexer com magia negra, BRUXA, FEITICEIRA!
-Oh, não, senhor Padre, não sou maga, nada disso.
-Que você queime no fogo do inferno, pagã!
-Reverendíssimo, por favor, seja condescendente, preciso de seu perdão, e por isso, trouxe essa pequena oferenda. - tirou da saia do vestido grandes bolsas de couro, recheadas de moedas de ouro e prata.
Ao ver tamanha bondade, o padre mudou de discurso:
-Calma, minha filha, o amor de Deus é maior do que qualquer coisa. Tenho certeza de que Ele irá me conceder a benção de redimir seus pecados. Afinal, suas traições nem foram tõ graves, pelo menos a senhora foi decente o suficiente para manter-se na família, pior seria se seus amantes nem fizessem parte do clã. Está perdoada. Deixe as bolsas aos pés da cruz do altar e vá em paz. Amém.


Sâmia Maia.