domingo, 21 de agosto de 2011

História de uma canção

A história a seguir é do Seu Gil, ou melhor, da Isabel, filha dele. Aliás, a história a seguir é do “Samba de Benção”, não é do Seu Gil, da filha, nem minha, nem sua. Essa história é nossa, de todos, pois em cada trecho há um pedacinho de cada um de nós. Observe.

Gil é um senhor baiano, já de idade avançada, descendente de negros. Estaria fazendo este ano, 50 anos de casado, caso sua belíssima esposa, uma italiana, não tivesse falecido há dois anos. Frutos desta belíssima e contrastante união, Isabel e Iara são suas filhas queridas, ambas adultas, porém sempre próximas ao pai.

Um ano após a morte da esposa, Seu Gil descobriu que estava muito doente, estava com câncer.

Há um ano lutando contra o tempo, Isabel acompanha seu pai nas consultas e tratamento. Em um das pioras no quadro de saúde do Seu Gil, ela saiu do hospital arrasada e, no caminho para casa, foi repassando em sua mente as melhoras e pioras do pai nos últimos meses.

Voltando à sua adolescência, Isabel retirou da bolsa um papel e uma caneta e usou as palavras como sua válvula de escape, escreveu:

“É melhor ser alegre do que ser triste
Alegria é a melhor coisa que existe
É assim como a luz no coração.”

Eram apenas três linhas, mas tudo que ela precisava saber estava ali: doença nenhuma tiraria a alegria dela e do pai.

Após escrever, Isabel percebeu, e lembrou, que os mais belos textos, as mais belas canções, enfim, as mais belas artes, continham um toque de tristeza. Lembrou também que foi nos seus momentos mais tristes que seu caderno e seu lápis foram seus fiéis aliados. Assim, prosseguiu em seu rascunho:

“Mas para fazer um samba com beleza
É preciso um bocado de tristeza
Senão não se faz samba, não.”

Ótimo. Engarrafamento. Com a angústia que Isabel sentia tudo que ela mais queria chegar em casa e agora o trânsito a impedia. Para completar, o motorista do ônibus sintonizou em uma rádio em que a locutora acabava de dizer “alguma-coisa” PÉROLAS. Isabel preparou-se para o que ia ouvir. A música era um samba de Babau do Pandeiro e a repetição de “Bota a cabra pra berrar, bé bé bé” tornou-se irritante. Já muito irritada, a tal da cabra não parava de berrar, além de ter sido interrompida nos seus pensamentos e no seu sofrimento, preocupada com o pai, Isabel resolveu fazer uma crítica aos sambas engraçados, assim acrescentou:

“Fazer samba não é contar piada
E quem faz samba assim não é de nada
O bom samba é forma de oração.”

Oração. O quanto Isabel orava nos últimos tempos, suas preces de amanhecer/anoitecer agora eram feitas a cada momento livre. Um espaço vago na mente? A oração pedindo saúde ao pai o preenchia.

Ainda no engarrafamento, nem metade do trajeto percorrido. Iara, sua irmã caçula, lhe telefona, quer saber das últimas notícias do pai. Isabel lhe conta que após a última sessão de quimioterapia, Seu Gil havia ficado muito fraco e que estava muito preocupada com ele. “Calma, mana, não foi a primeira e não será a última sessão que o deixará debilitado. Temos que ser fortes e apoiá-lo, pois o amor cura tudo e será ele que curará o papai. Fé.”, falou a irmã, acalentando não só à outra, como a si mesma.

As palavras confortadoras de Iara reacenderam a esperança em Isabel. Realmente não era a primeira piora do pai, ele havia de se recuperar. Refletindo sobre as chances do velho, escreveu:

“Porque o samba é a tristeza que balança
E a tristeza tem sempre uma esperança
De um dia não ser mais triste, não.”

Finalmente após duas horas dentro do ônibus, chega em casa. Joga seus pertences (inclusive o papel que ainda estava em sua mão) sobre a cama e vai tomar um banho frio e relaxante, tudo de que estava precisando.

Enquanto tentava esquecer do mundo entre as quatro paredes do banheiro, seu marido chega em casa. Sabendo que ela está no banho, ele fala do quarto: “Oi, querida. Como foi a sessão de quimio hoje? Como está o Seu Gil?” Isabel fez a mesma narrativa que fizera à Iara e a reação do marido não foi diferente da de sua irmã, confortou-a o máximo que pode com as palavras.

Ao sair do banho, Isabel surpreende o marido lendo seus rabiscos, ele pareceu não se importar em ser flagrado, continuou a ler e disse: “Bebel, você sabe que isso aqui dá uma música, não sabe? Tem rima, tem métrica, tem musicalidade, meu bem!”
O marido de Isabel, Léo, era músico (e muito bem sucedido), mas ela não queria seus desabafos espalhados pelo mundo, eram seus e só serviam a ela. Recusou a gentil oferta do marido, ele insistiu: “Ponha seu amor (ele!) nessa letra, me deixe participar!” . Mas a proposta já estava definitivamente recusada.

Nesta mesma noite, a boa e velha insônia tornara a visitar Isabel. Percebendo que seria uma longa noite, levantou para tomar um ar e levou consigo seu rascunho para varanda. Lendo e relendo aquelas linhas, lembrou da proposta do marido, ele se mostrando tão maravilhoso, suplicando para participar da vida dela. Assim, escreveu:

“Ponha um pouco de amor numa cadência
E vai ver que ninguém no mundo vence
A beleza que tem um samba, não.”

Ao ler, ele saberia que seu nome estava ali nas entrelinhas, não só no “amor”, mas também na “beleza” que ele dissera que seu texto tinha.

Isabel acordou com o chamado do telefone. Não sabia que horas adormecera muito menos que horas eram. Apenas levantou e atendeu.

Era do hospital, se pai falecera na madrugada. Em desespero, Isabel acordou o marido e correu para o hospital. No caminho, Léo ligou para Iara, deu-lhe a triste notícia e ficou de encontrá-la lá.

A tristeza era profunda e visível naquelas três pessoas. O hospital nunca parecera tão frio quanto naquela manhã. Isabel remexeu na bolsa à procura de mais lenços de papel, mas só achou aquele papel, o que lhe acompanhava desde o dia anterior. Pediu licença ao marido e à irmã e se dirigiu à capela do hospital afim de ficar a sós com aquelas linhas.

Leu e releu, sofrendo e sofrendo mais com a dor que cada estrofe daquela acarretava. Decidiu que aquele texto deveria ser uma última homenagem ao pai, assim o completou:

“Porque o samba nasceu lá na Bahia
E se hoje ele é branco na poesia
Ele é negro demais no coração.”

Branco sim, porque apesar de todos serem baianos, ela puxara os traços italianos da mãe, branca de cabelos pretos lisos. A irmã ficara com a beleza da cor, uma bela negra de olhos azuis.

Decidida em fazer a homenagem a falecido pai, Isabel retorna à recepção onde Iara e Léo aguardam a liberação do corpo do Seu Gil. O papel, dobrado em suas mãos, é entregue ao marido seguido das palavras: “Você disse que daria uma música, faça isso. Devo a ele uma última homenagem.”

Assim, no dia seguinte, o Cemitério Municipal recebeu não só mais um morador ilustre, como também um belíssimo show, onde Iara (que além da cor herdara também o belo timbre dos negros) cantou a canção escrita por Isabel, acompanhada pelo som do violão de Léo, que conseguiu “musicalizar” aqueles versos em menos de um dia.

Esta foi a primeira vez que o “Samba de Benção” foi tocado em público, hoje, ele encanta cantando por onde passa.

Para quem não o conhece (ainda):



Ps: A música "Samba de Benção", na verdade, é de autoria de Vinícius de Morais e mais dois caras. Então, nada de fatos reais nessa história. Nem mesmo os nomes, Isabel foi escolhido para simbolizar a intérprete Bebel Gilberto, Iara para remeter a idéia de folclore nordestino, Gil foi em homenagem à Gilberto Gil e Léo representando Leandro Léo. Querendo deixar claro também que eu não tenho nada contra a cabra berrando do Babau do Pandeiro, foi um samba engraçado meramente ilustrativo. E esse vídeo eu tive que montar de última hora porque no Youtube não tinha (agora tem o meu!) a música cantada pela Bebel com legenda, legendado apenas um único na voz de Vinícius.

Bem, aqui encerra o mais longo texto já postado aqui. E também o de maior PS ao final.

(SâmiaMaia.)

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Traição

Em uma oficina, um Ford Ka e um Uno Mille dividem a mesma garagem.
- Ei, Uno, por que tu tá aí com esse farol baixo? Quê que tá pegando?
- Ah, Ka, fui traído, cara.
- Ixe, foi uma Belina que te fez isso, cara? Elas são conhecidas, só querem saber dos nossos tanques!
- Nada, foi minha dona! Enquanto eu estou aqui sofrendo nas mãos desses mecânicos, ela está lá, em uma lua-de-mel de 7 dias com um Uno Vivace. Quatro anos mais novo, completo... E eu?! Sendo renovado para depois ela me trocar por um desse...
- Calma, Uno, vai ver ela não queira te trocar, só esteja aproveitando as "férias"... Com certeza você tem algo que esse outro carro não tem!
- O fumê. Ele não tem uma película de 75%, mas nada que 300 reais não resolva.
- Uno, cara, tu é muito pessimista! Joga uma luz alta nessa tua vida e mostra esse teu pára-choque novo para o mundo, meu irmão!
- Não, Ka, não tem para onde correr. Fui traído, trocado por esse popular metido à EcoSport e que consegue ser tão econômico quanto eu. Só me resta aguardar meu destino: uma maquiagem dizendo "06/06 c/ar e alarme" e um porta-malas cheio de recordações e saudades.

(SâmiaMaia.)

Ps: Texto baseado em fatos reais.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Termômetro de feiúra

Um dia desse eu estava divagando no ócio, o que não é novidade, mas eis que eu percebi uma coisa: você sabe identificar se uma pessoa é feia, só na forma em que uma terceira fala dela, principalmente affair de amiga.
Presta só atenção:

Conversa telefônica:
- Amiga, nem te conto. Conheci um cara, fiquei com ele dois dias e estou adorando! Ele é incrível...
- Sério? E ele é bonito?
- Ele é muito gente fina, simpático...
- Bonito?
- Inteligente, rico, carinhoso....

Ele é feio./fato!
Se fosse bonito, a amiga teria dito antes mesmo da outra perguntar. :)






(SâmiaMaia.)

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Comportamento de um consumidor.

Texto que surgiu para atender a uma das atividades de Comportamento do Consumidor. Uma crítica ao consumismo.

Há pessoas que se prendem à tabus de marcas.
O exemplo que trago é: a compra do perfume 212.
A mulher que compra um perfume no valor de quase 300 reais sabe que só irá utilizá-lo
em ocasiões muito especiais. Ela se submete à essas restrições por saber o quanto aquilo custou e custará novamente quando tiver que comprar outro.
Agora e se ela gostar tanto da fragrância e quiser usá-lo para ir ao mercadinho da esquina comprar um pacote de pão? Ela não poderá? Até pode, mas não o usará.
Essa mulher fica presa, condicionada, devido a esse tabu de marca/valor, sem poder usar o que é dela apenas por querer usar.
Digamos que, um dia, essa mulher resolva comprar o similar, Sexy Woman. Importado, de uma marca de confiança e custando dez vezes menos. Ela agora usará sua fragrância predileta até mesmo para ficar em casa!
Ao passar um perfume, você não irá transformar a caixa em pingente e sair exibindo. Então por que gastar 300 se pode gastar 30?
Optando pelo similar, a mulher tornou-se muito mais feliz, pois deixou de ser regrada por ocasiões muito especiais e passou a usar seu perfume quando bem entendesse, fazendo com que todas as ocasiões passassem a ser especiais.


(Sâmia Maia.)

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Curta de Futebol

- Rapaz, e como é que tá o São Paulo nesse Carioca*, hein?
- Tá ruim, péééssimo!
- Sério, rapaz? Não ganhou nada ainda?
- Nada, nadinha. E pior: perdeu tudo por W.O.
- Por w.o.? Como assim?
- É porque esse ano ele tá jogando pelo Paulista*...



*Campeonatos Estaduais






(SâmiaMaia)

Ps: Nossas gafes inspiram de tudo. Esse ano, por exemplo, coloquei o Corinthians para jogar o Carioca! Mas para fora da Libertadores não tenho nada a ver com isso! rsrsrsrs

sábado, 29 de janeiro de 2011

Olhos Alheios.

Acho que esse foi o texto mais difícil de se fazer. Por ser uma ideia simples, eu sempre tinha muito o que dizer, mas que junto, em um só corpo, perdia o sentido, o foco. Creio que comecei a escrevê-lo, pelo menos, umas 3 vezes e mentalizá-lo então, perdi foi a conta!
Tenho alguns textos ainda inacabados, mas não são como esse. Os outros aguardam a volta do cômico, mas esse aguardava a seleção das ideias. É o velho ditado: uns com tanto, outros com tão pouco...



Experiência Ocular.

Faça um experiência:
Pegue uma câmera e saia para fotografar as paisagens mais comuns do cotidiano. (Isso é Pleonasmo?!)
Perceba a mágica que acontece quando:

1) você senta próximo a um semáforo e passa a observar os tipos ali parados em seus respectivos carros... Um casal que aproveita o tempo do sinal vermelho para se beijar, ou um outro casal que, indiferente à esse tempo, briga e xinga-se; uma mulher sozinha acompanhando a música que toca no rádio, ou outra mulher, também sozinha, mas que gesticula bastante ao falar ao telefone, irritada; um homem que, sem perceber, checa o relógio a cada segundo, ou um outro que demonstra assustar-se com a aproximação de um pedinte. Ah, não esqueçamos dos pedintes, são quem mais nos surpreendem ao serem observados. Principalmente as crianças, observá-las alegres por receber uma boneca usada, um carro sem roda ou até mesmo uma sobra de refrigerante, nos mostra que o luxo não é tudo na vida.

- Mudando de cenário -

2) vamos para um playground. Observe bem o sorriso dos meninos e meninas que estão brincando. Como são sociáveis, fazem amizades tão rápido! E o mais engraçado: a maior preocupação deles é não quebrar os brinquedos. Nada de dívidas ou decisões importantes, só manter o brinquedo inteiro. Saudade dessa minha preocupação...

- Mudança de cenário, de novo!-

3) estamos numa recepção de consultório geriátrico. Velhinhos e velhinhas com seus devidos acompanhantes à espera de atendimento. Filhos que têm todo o tempo do mundo para cuidar de seus pais idosos, filhos que talvez nem tenham esse tempo todo, mas que conseguem acompanhá-los às consultas ou, até mesmo, o companheiro, esposa ou marido, que faz questão de ir, para mostrar-lhe que o que foi dito na igreja, "na alegria, na tristeza, na saúde, na doença, até que a morte nos separe", foi de verdade. Muitos desses idosos talvez nem saibam onde estão ou o porquê de estarem ali. Podem até terem em comum um amigo alemão, o Alzeihmer. E observar os velhinhos que o conhecem é o melhor, porque você os verá sempre sorrindo, observando a movimentação próxima ou, simplesmente, cochilando. Eles nos transmitem uma sensação de paz, de segurança. Eles estão ótimos, sem preocupação alguma! E o sorriso... ah, o sorriso parece ter pequenos raios de sol saindo dele.

Aqui eu peço licença para um parêntese:
(Notam a semelhança entre a criança e o idoso? Pois é, meus amigos, nossa vida é um "V" de "bunda canaça".)

Agora esqueça a parte da câmera! Você pode perceber tudo isso a olho nu, pare de apenas olhar e passe a ver o mundo ao seu redor!

A grande lição é: a verdadeira vida encontra-se nas coisas mais simples, desapegue-se do "ter" e ame o "ser".



Nota: para aqueles que querem ser ilha, viver sozinho, auto-suficientes, lembrem-se:
até mesmo as ilhas têm seus arquipélagos, seja na superfície ou embaixo d'água.



(SâmiaMaia.)

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Mortal Amor.

Hoje, achei no meio dos meus rascunhos um texto de autoria duvidosa. Digo isso porque eu, sinceramente, não lembro do dia em que o escrevi, só digo que é meu porque, enfim, me identifiquei com a história. (Mas caso seja de um de vocês, por favor me diga! rsrsrs)


- Amor, Mortal Amor.

Pré-adolescência. Esse é o período que os amores e paixões mais arrebatadores surgem.
É quando inicia-se uma vida amorosa de fato. Quando o primeiro amor aparece.
E se essa história tem como protagonista um casal adolescente, não seria diferente.

Estudaram, Ele e Ela, juntos desde o primário. Admiraram-se no Fundamental I, enamoraram-se no Fundamental II e, no médio, separaram-se. Mas esse não é o fim. É certo que cada um foi viver sua vida, porém, há um epílogo nessa história.

Quando separaram-se Ele jurou à Ela que esperaria o tempo que fosse preciso para ficarem juntos. Ela apenas respondeu com um olhar triste e úmido: "Você não pode me garantir isso, e nem eu posso dizer-lhe o mesmo."
Por tempos, Ele só soube notícias dela através de amigas, mais especificamente fofocas. Estava a par dos vários namorados que Ela possuíra e, mesmo assim, jurava a si mesmo que ainda a teria só para si.

Resolveu procurá-la, agora ele faria o seu próprio destino. Marcaram um encontro em uma tarde, na ponte que cruza o rio da cidade.
Ao chegar ao local, Ele assustou-se. Haviam duas viaturas estacionadas: uma da polícia e outra do corpo de bombeiros. Aproximando-se de um oficial soube que uma moça havia pulado dali momentos antes.

Aproximou-se do alambrado e achou, no chão, um papel amassado. "Desculpe por não ter acreditado no seu juramento. Eu te amei de verdade, apenas não valorizei. Eternamente sua, Ela." Eram essas as linhas do pequeno papel amarrotado, amarrotado tanto quanto o coração do rapaz naquele momento.

(SâmiaMaia, eu acho!)




Ps: digitando esse texto agora, me pergunto: por que a matei? Será que quis mostrar a vergonha dela de não ter acreditado na promessa? Por que não a fazer esperar mais alguns minutos para vê-lo? Seria uma fuga?
Puuuts, acho que me identifiquei mais com ele agora do que no momento em que foi escrito.
E se eu mudasse o final....

- Amor, vital amor!

(...) Ao chegar ao local, Ele assustou-se. Nunca imaginou deparar-se com tamanha beleza. Ela parecia um anjo, encostada no alambrado da ponte, contra o pôr-do-sol, de vestido branco, que voava junto com a brisa do rio.
Aproximou-se, mas permaneceu calado. Todos os diálogos imaginados, os monólogos ensaiados lhe fugiram, como se tivessem caído na correnteza que passava sob a ponte.
Ela o olhou de canto de olho e segurou sua mão.

Aquele toque, as lembranças, os sonhos... uma enxurrada de sensações, sentimentos e emoções, todos inebriantes.
Após alguns minutos, finalmente, encararam-se. Ela fechou os olhos e lhe disse: "Desculpe por não ter acreditado no seu juramento. Eu te amo de verdade, apenas não havia percebido isso. Quero ser eternamente sua."

Beijaram-se, depois de anos, e nada havia mudado.
Amavam-se, era o que importava.


(SâmiaMaia, esse eu tenho certeza.)