segunda-feira, 23 de março de 2009

Devaneio sem data.

Para Clarice, a hora da transição de realidades, mais vulgarmente conhecida como a hora em que o indivíduo bate as botas, é chamada a Hora da Estrela.
Na hora em que minhas botas baterem, ou meu paletó se abotoar, quero que chame a Hora da Lua. 'É, a Hora da Lua chegou para ela...' Por quê? Simples. Nada a ver com a posição em que me encontrarei ao morrer, mas tudo a ver com a simples complexidade lunática.
Lua, corpo celeste que ilunima a terra à noite.
Ao longo dos meus anos, que podemos considerar poucos, usufluí da lua como um refúgio. Quando queria me encontrar ou quando queria desaparecer, era a ela que eu recorria.
Um corpo celeste, de certa forma, simples, mas possuidor de uma magia complexa, capaz de tocar o íntimo se permitido. Com sua áurea enigmática, com sua energia...seria magia? Magia negra? Não.
Bom, estou quase em devaneio. Voltando ao início, quero que ao morrer, seja a Hora da Lua, da minha lua, testemunha de meus pensamentos. Quero que ao mudar de realidade, eu possa permanecer junto à ela, sentada na areia branca de uma praia a contemplá-la, a entendê-la e a ser entendida.
Não é um caso de amor, nem de admiração, nem de dúvidas, muito menos um caso de lua, é complexo, apenas isso, complexo. Uma complexidade mútua.


Sâmia Maia

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