sábado, 21 de março de 2009

O julgamento de Deus.

-Iniciado o julgamento do réu Deus, acusado pelo senador Ernie Chambers. Promotor, apresente-nos suas acusações para que possamos analisar o caso da melhor maneira possível.
-Obrigado, Meritíssimo. Senhores, esse caso é muito simples. Venho a essa corte acusar o Senhor Criador por todos os desastres do mundo. Acuso-o de ser impiedoso o suficiente para não evitar os tornados e furacões que mataram milhares de pessoas, na página 5 do processo poderão ver a lista completa com seus respectivos números de mortos. Acuso-o também por deixar morrer outros milhares de pessoas, vítimas de fome e doenças. Problemas nos quais apenas Ele poderia tomar as medidas necessárias, como um milagre por exemplo, para salvar esse povo. Hoje, temos a prova de que não sou o único a ter esse parecer: não houve nenhum advogado que quisesse vir a essa corte defendê-Lo. Ele terá que fazer Sua própria defesa. Se Ele é onipresente, senhores, está, nesse momento, assistindo ao Seu próprio julgamento.
-Réu, se o Senhor está, realmente, presente nesta sala, por favor, queira manifestar-se em Sua defesa.
O silêncio pairou na corte por dois minutos, até que o advogado voltou a falar:
-Como vêem, senhores, o Réu assume a culpa. No mundo, ditado popular é uma espécie de lei ilegal e acredito que esse caso tenha peculiaridades suficientes para legalizarmos, exepcionalmente nessa sessão, um deles: quem cala concente.


Sâmia Maia

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei. Vc escreve muito bem.
Continue, pois escrever bem é uma arte e poucos tem este dom.