domingo, 12 de abril de 2009

O elo partido {Complementado.}

No mesmo esquema do 'Apelo','O elo partido' surgiu. Texto inicial de Otto Lara Resende. Eis-o:

O Elo Partido

Subitamente, não sabia mais como se ata o nó da gravata. Era como se enfrentasse uma tarefa desconhecida, com que nunca tinha tido qualquer familiaridade. Recomeçou do principio. Uma vez,outra vez – e nada.Suspirou com desânimo e olhou atento aquele pedaço de pano dependurado no seu pescoço.Vagarosamente,tentou dar a primeira volta – e de novo parou,o gesto sem seqüência.Viu-se no espelho,rugas e suor na testa:a mão esquerda era a direita,a mão direita era a esquerda.
Instintivamente, talvez, cenas bizarras começaram a passar pela sua mente. Imaginou-se totalmente dependente da mãe ou de uma esposa.Transportou-se para um futuro,incerto,dia de seu casamento,no qual precisaria de sua progenitora para atar-lhe a gravata,ou teria que resignar-se a comprar uma daquelas gravatas com elástico,e assim,usaria,para sempre,a formal gravata borboleta.
Com certeza,a mais bizarra das cenas que passavam,como um filme,em sua mente foi a de um dia ter que ir a uma reunião de suma importância e ter que sair de casa,pelo menos,uma hora e meia antes para poder ir até à casa de sua mãe,que fizera tanta questão de morar o mais longe possível,para poder pedir-lhe que faça o nó de sua gravata.
Não,ele tinha que conseguir atar essa gravata.Já era um homem de trinta e cinco anos,era independente e fazia questão de manter-se assim.Ah,mas como não pensara nisso antes:o google o salvaria.Sentou-se à frente do notebook e digitou:como fazer um nó em uma gravata.Estava salvo.


Sâmia Maia

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